terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Gente Robotizada

Tudo aprendido nas escolas
faculdades, colégios,
mesmo em casa, em família,
são truques e automatismos
pra te tornar apto
de morar, conviver e agradar
pessoas vazias, cheias de
truques e automatismos.

O que a sociedade oferece
não sacia.

sábado, 18 de dezembro de 2010

banana banaL


...

...
só silêncio por dentro.
...

os olhos só observam
o resto do corpo
que cuida de si
por si.

...
silêncio.


o corpo descasca uma banana
e come
...
!

quão intenso pode ser o sabor de uma
banana?








No silêncio, a banana tem gosto de Deus.


...
banana deliciosa
...
banana deliciosa
...
só uma banana?
(banana deliciosa)
...
só uma banana pode ser deliciosa?!
(só uma banana deliciosa)
só uma banana pode ser tão deliciosa?!
(só uma banana banal)
só uma banal banana pode ser tão deliciosa!?
banana banal
que banana deliciosa!!
banana banal soa tão bem
tem razão!!! vá escrever sobre isso!!!!



... e toda a intensidade do sabor da banana se perdeu.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Personagem da Realidade

um personagem da realidade
achei, enfim, uma definição que agrada.
Agradar a mente, calejada de agrados tolos e fúteis,
um personagem da realidade.

Como definir melhor?
Que sou eu ante o infinito?
Animais, plantas, partículas, planetas...
Que sou eu?
um personagem da realidade.

não melhor, não pior
não mais evoluído, nem menos evoluido,
um cara qualquer, com uma cor de pele qualquer,
uma opção política qualquer,
um lidar com palavras qualquer,
um lidar qualquer,
nem menos importante que ninguém
nem mais importante que a brisa no rosto
só mais um
personagem da realidade.

domingo, 28 de novembro de 2010

Como?

Como ajudar um louco?
Se nem mesmo ele sabe da loucura,
se qualquer palavra somente traz
a certeza da incompletude.
Se a minha própria loucura
ainda me turva os olhos!?

Como fazê-la ver
que é escrava miserável
cujo impaciente senhor
é seu próprio corpo
e suas algemas e correntes
são seus prazeres físicos?

Como mostrar a ele
que a juventude passa-lhe ante os olhos
escorre pelos vãos dos dedos
e jamais voltará
enquanto desperdiça seu tempo
com filosofias vãs, sobre mundos ideais
e teorias, teorias...

Como explicar a ela
a ciclicidade da busca
se todos os pomposos yogas
os complexos mantras
todos os penduricalhos místicos
há muito só pertencem à mente?

Como agir?
Se as palavras que saem
sempre estão distorcidas,
se tudo que entra
minha mente louca distorce
e qualquer julgamento
qualquer preferência
é não mais que ilusão?

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O eu, o outro...

Indo além do certo
e do errado...
Permitindo-se...
Fica fácil ver e conhecer
as pequenices do eu.

Infeliz efeito colateral
é ver as pequenices alheias...
Me suportar exige quase toda paciência
como suportar os outros?

terça-feira, 16 de novembro de 2010

23 anos em 39 linhas

Depois de ter o coração
destroçado em dor e pranto
por ter te amado tanto,
Beija-flor...
Deicidi só amar a mim mesmo.

Então, o mesmo coração
foi atingido, machucado,
sangrou até quase morrer
pelo cego amor próprio.

Perdido e desolado
fui atraído à sua luz.
Em repouso, fui curado
e comecei a aprender.

Aprendi sobre quem era
e sobre quem nunca tinha sido.
Não me satisfiz.
Descobri onde encontrá-lo
e onde não valia procurar.
Não me satisfiz.

Encontraste-me
e temi, estupefato com sua grandeza.
Me chamaste novamente,
e, não sem medo, atendi.
Sussurraste então em meu ouvido
todo o segredo da vida.

O que pude absorver
me transformou em outro ser.
O que não pude,
hoje sinto falta.

Descobri a quem direcionar
meu ímpeto por amar.
Hoje aguardo, paciente e ansioso,
como que numa corrida em câmera lenta,
a minha morte
para que Eu e Você
nos tornemos
novamente
finalmente
um.

sábado, 13 de novembro de 2010

O que vê o olho de Shiva?

Sob a língua
mílimetros quadrados de papel.
Entre o papel
uma passagem de ida
e, felizmente, de volta
rumo a insanidade.

Papel com o papel de endoidar,
papel com desenho de deus Hindu.
Papel que revela meu papel na obra...

Em meio a todos
o eu.
O eu defronte o eu,
um eu, de bilhões...

Pequenez, pequenez,
enlouquecedora pequenez.
Que importa eu?
Um mero detalhe,
um verso da poesia da vida.

Sei que a poesia é bela,
o chá amarelado me mostrou.
Eu acho...
Mas como é difícil apreciar a obra
quando sou tão fascinado
por esse pequenino verso
que vejo no espelho...

Oh, eu, eu, eu
quando deixarás de ser?
Oh impaciência, oh crença no futuro,
oh medo e expectativa...
Quando não mais serão!?

Quando, quando a solidão suprema
deixará de me apavorar?

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Amor...

Já amei tantas mulheres,
algumas por segundos,
algumas por anos,
mas nenhum amor
jamais durou.

Quanto sofrimento
até compreender que amar
não é possuir.
Até compreender que o amor
não é estático,
ele muda e se renova,
se refresca, se recria,
não fica estagnado,
feito poça d'agua fedorenta.

O amor não se esconde
em caixas de bombons e flores,
anéis ou festas.
Ele fica no fundo do olho,
daquele que você está amando.

Já amei tantas mulheres,
algumas por seus corpos perfeitos,
algumas por seus desejos,
invisíveis, mas sensíveis.
Algumas amei por suas aguçadas mentes
e outras por sua inabalável força de vontade.

Já amei até sem compreender,
num simples olhar...

Quanto sofrimento
até compreender que amar
não depende de parceiro,
não depende de objeto.

Hoje aprendi a amar
a existência
por ela me permitir sentir
não só o amor
não só o sofrimento
mas ela própria.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Não compreendo

Vejo os machos da minha espécie
caçando, "discretamente", as fêmeas.
Em grupo, ao comando de um macho alfa,
ou sozinho, um caçador experiente.

Laçam-nas pelas cinturas,
cospem palavras alcoolicas em suas suaves frontes,
oferecem-lhe a brutal virilidade do macho,
que, cedo ou tarde, destruirá o espaço delas.

Oferecem-lhes carros de luxo, casas, roupas,
... coisas coisas coisas ...
Enquanto a real fome, a busca por
sentido
só aumenta.

Ai chego eu,
tentando ver não as fêmeas,
mas os seres, iguais a mim,
e ofereço-lhes 4 versos.

Inesperado(?) espanto,
se na metade do segundo verso
sou claramente taxado de maluco?
Não compreendo...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Mundo doente da porra

Mundo doente da porra,
todo mundo falando de si pra outro,
que finge que escuta
enquanto pensa em si mesmo...

Mundo doente da porra,
onde todo miserável
se emputece e pragueja
ao ver um que se esforça
pra se desapegar da miséria...

Mundo doente da porra,
onde todo mundo fala de tudo
pete, repete e trepete
palavras dos outros, palavras do passado,
palavras ninguém mais sabe de onde...

Mundo doente da porra,
todo mundo querendo atenção,
querendo amor, querendo dinheiro,
querendo política, querendo justiça,
querendo guerra, querendo sexo,
querendo igreja, querendo a morte,
querendo filho, querendo televisão 3D...
Ninguém quer deixar de querer!?

Mundo doente da porra,
onde minha digital se encontra num banco de dados,
pro caso de, se eu fizer alguma merda,
o governo vir e tirar o que eu tenho de mais importante:
minha liberdade.

Mundo doente da porra,
que acredita que liberdade depende da onde você está,
que desconhece completamente o que se passa na sua frente,
que se acostumou com uma prisão de um metro e pouco, setenta e poucos kilos,
enquanto tem a porra da inexplicável existência pra observar.

Liberdade fica dentro. Quantos deuses já se mataram, ateando
fogo nos próprios corpos, em silêncio, exibindo a verdade do
universo diante de sonâmbulos olhos: não existe morte.
Não existe prisão.


terça-feira, 19 de outubro de 2010

Koan

Se tens frio
e, por alguma razão,
só pode aquecer uma mão,
enquanto a outra esfria...
Como manter ambas quentes?

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Dor Existencial

Tédio infinito
cozinhando por dentro
esse marasmo morno
insípido, inodoro,
silencioso, impalpável.

Vida fútil
sequência de aleatoriedades
desconexas
vazia de sentido, que quanto mais preenche
mais esvazia.

Desespero silencioso,
grito entalado em um lugar
invisível
Como uma doença
corroendo por dentro
intratável, incurável
porque as curas nada mais são
que ilusões da doença...

Maldita mente,
que de tão doente
se amaldiçoa.

Náusea mental
inexprimível e cancerígena
vazio, vazio, vazio!

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Anedota matemático-existencial

O professor de cálculo 2 sai da sala,
e vê seu aluno fumando maconha.

- O que é isso?! - exclama o professor.

- Professor... Imagine-me em função
do espaço e do tempo. 2 variáveis.
Estou integrando com uma terceira,
para saber quão profundo é o volume
do meu interior.

sábado, 18 de setembro de 2010

Brinquedos

Tal qual uma criança És...
A criança brinca com seus brinquedos
colocando-lhes papéis
bonzinho, malvado; marido, mulher...

Gosta de todos eles
embora atribua papéis especiais a alguns...

Assim Ele também é
brincando com brinquedos
que Ele mesmo inventou
e inventa o tempo todo.

Por ter a fábrica de brinquedos
as vezes resolve quebrar todos eles;
mas não cansa de brincar
e cria novos e novos brinquedos...

Talvez soe triste,
não é, brinquedo?
Mas não se preocupe
você não existe.
Você é Ele.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A mais bela


Hoje, que triste chorei
ao ver minha plena
incapacidade
de ser
verdadeiramente
grato
por qualquer pessoa

qualquer pessoa.

Ainda hoje, alegre chorei
ao ver a bela história
que investaste pra ti.
Ou teria sido eu
o inventor da história?

Talvez nem eu
nem você
nem nenhum personagem
desta belíssima história
que se chama
vida
.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

História em Quadrinhos

Se você fosse um bom desenhista
e desenhasse uma história em quadrinhos
expondo os pensamentos, sentimentos e ações
de um personagem

E, depois, imaginasse o mundo
do ponto de vista dele
Esquecendo a imagem do próximo quadrinho
Esquecendo que era só uma história em quadrinhos...
Acreditando que a história é a realidade...

Você sofreria pelas emoções negativas?
Você se alegraria pelas emoções positivas?

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Viver...

Viver é interpretar um papel
numa peça cósmica
e acreditar ser
alguém.

Não que isso seja bom
tampouco ruim é
mesmo porque
essas são opiniões
de quem acredita ser
alguém.

O bom e o ruim
só fazem parte da peça.

sábado, 21 de agosto de 2010

domingo, 15 de agosto de 2010

Evidente mente

Dia desses fui acusado
de viver fugindo da realidade.
Por desatenção, fiquei irritado
mas logo aceitei a verdade.

Porque, na realidade que eu vejo
sempre existem dois lados.
Pra todo grupo que goste de algo,
existe um grupo que não goste.

E os infinitos e fúteis conflitos
se perpetuam.

Gostar e desgostar,
legal e ilegal,
concordar e discordar,
buscar e ignorar,
acumular e abdicar...

Estupidamente evidente
a dualidade da mente.

Não me satisfaço nessa realidade incompleta,
onde apenas metade se possa ter.
Meu egoísmo se tornou sábio:
eu quero o Todo, a qualquer custo.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

De que me vale?

De que me vale
forçar o fim de um hábito?

Seja fumar uma planta, jogar video-game,
fazer sexo ou tomar sorvete...

Viver em pseudo-equilíbrio, evitando prazeres...
Não.
Mais sentido faz observá-los.

Observá-los e ver...

no sorvete e no cigarro
o peito da mãe

no sexo
o colo e o carinho

no video-game
a meditação.

Criança fui, criança sou.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Existência matemática


Sua existência é função de 4 variáveis
você = e(x, y, z, t)
x é largura
y é altura
z é profundidade
t é tempo

As 3 primeiras são fáceis de entender
Compreenda a quarta
Adentre o tempo
Liberte-se dele
Medite
Entre no eterno não-tempo

domingo, 8 de agosto de 2010

Caminho árduo

Tentei magias e rituais,
crenças, dogmas e drogas.
Tudo uma cíclica tentativa
de eliminar o eu através do eu...

Comecei a me conhecer,
mas inquieto me mantive,
a buscar, questionar e estudar.
Tamanha força, vontade e ímpeto
- e sinceros -
vi a futilidade da tentativa.

Sempre desconfiei ser
na verdade, tudo que É
e enquanto não tive certeza
- com o coração -
não desisti.

sábado, 7 de agosto de 2010

A gente é besta

E esse medo todo?

de ladrão, de político, de doença, de saúde,
de luz alta, de escuro, de Deus, do Diabo,
de perder, de errar, de morrer, de viver,
de perceber

que tudo isso, inclusive o medo,
a luz e a escuridão,
é só uma parte de você...
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