sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Amor...

Já amei tantas mulheres,
algumas por segundos,
algumas por anos,
mas nenhum amor
jamais durou.

Quanto sofrimento
até compreender que amar
não é possuir.
Até compreender que o amor
não é estático,
ele muda e se renova,
se refresca, se recria,
não fica estagnado,
feito poça d'agua fedorenta.

O amor não se esconde
em caixas de bombons e flores,
anéis ou festas.
Ele fica no fundo do olho,
daquele que você está amando.

Já amei tantas mulheres,
algumas por seus corpos perfeitos,
algumas por seus desejos,
invisíveis, mas sensíveis.
Algumas amei por suas aguçadas mentes
e outras por sua inabalável força de vontade.

Já amei até sem compreender,
num simples olhar...

Quanto sofrimento
até compreender que amar
não depende de parceiro,
não depende de objeto.

Hoje aprendi a amar
a existência
por ela me permitir sentir
não só o amor
não só o sofrimento
mas ela própria.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Não compreendo

Vejo os machos da minha espécie
caçando, "discretamente", as fêmeas.
Em grupo, ao comando de um macho alfa,
ou sozinho, um caçador experiente.

Laçam-nas pelas cinturas,
cospem palavras alcoolicas em suas suaves frontes,
oferecem-lhe a brutal virilidade do macho,
que, cedo ou tarde, destruirá o espaço delas.

Oferecem-lhes carros de luxo, casas, roupas,
... coisas coisas coisas ...
Enquanto a real fome, a busca por
sentido
só aumenta.

Ai chego eu,
tentando ver não as fêmeas,
mas os seres, iguais a mim,
e ofereço-lhes 4 versos.

Inesperado(?) espanto,
se na metade do segundo verso
sou claramente taxado de maluco?
Não compreendo...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Mundo doente da porra

Mundo doente da porra,
todo mundo falando de si pra outro,
que finge que escuta
enquanto pensa em si mesmo...

Mundo doente da porra,
onde todo miserável
se emputece e pragueja
ao ver um que se esforça
pra se desapegar da miséria...

Mundo doente da porra,
onde todo mundo fala de tudo
pete, repete e trepete
palavras dos outros, palavras do passado,
palavras ninguém mais sabe de onde...

Mundo doente da porra,
todo mundo querendo atenção,
querendo amor, querendo dinheiro,
querendo política, querendo justiça,
querendo guerra, querendo sexo,
querendo igreja, querendo a morte,
querendo filho, querendo televisão 3D...
Ninguém quer deixar de querer!?

Mundo doente da porra,
onde minha digital se encontra num banco de dados,
pro caso de, se eu fizer alguma merda,
o governo vir e tirar o que eu tenho de mais importante:
minha liberdade.

Mundo doente da porra,
que acredita que liberdade depende da onde você está,
que desconhece completamente o que se passa na sua frente,
que se acostumou com uma prisão de um metro e pouco, setenta e poucos kilos,
enquanto tem a porra da inexplicável existência pra observar.

Liberdade fica dentro. Quantos deuses já se mataram, ateando
fogo nos próprios corpos, em silêncio, exibindo a verdade do
universo diante de sonâmbulos olhos: não existe morte.
Não existe prisão.


terça-feira, 19 de outubro de 2010

Koan

Se tens frio
e, por alguma razão,
só pode aquecer uma mão,
enquanto a outra esfria...
Como manter ambas quentes?

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Dor Existencial

Tédio infinito
cozinhando por dentro
esse marasmo morno
insípido, inodoro,
silencioso, impalpável.

Vida fútil
sequência de aleatoriedades
desconexas
vazia de sentido, que quanto mais preenche
mais esvazia.

Desespero silencioso,
grito entalado em um lugar
invisível
Como uma doença
corroendo por dentro
intratável, incurável
porque as curas nada mais são
que ilusões da doença...

Maldita mente,
que de tão doente
se amaldiçoa.

Náusea mental
inexprimível e cancerígena
vazio, vazio, vazio!
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